Capitalização da auto estima

Vocês já pararam para pensar que nossa autoestima é uma identidade plural. Nós somos o que consumimos. Apesar da vasta etnicidade, o material para consumo nunca foi sobre nós. Por muitos anos, precisou embranquecer para ser aceito e disso o Brasil entende bem, por exemplo no sincretismo religioso, na arte, na bossa nova, nas danças, nos penteados, nos traços negros e até mesmo nas pessoas negras - quanto mais claro, mais bem aceito socialmente.
Entretanto, os preceitos mudam de acordo com a demanda e os negros sempre movimentaram grana no nosso país. E ao passo que, nossa identidade foi construída socialmente e apesar da luta pela ideia do: "Black is Beautiful", nossa autoestima tem sido capitalizada. Nos adaptamos porque o mercado nunca nos contemplou, por isso carregamos as histórias de nossas receitas caseiras para os fios secos ou coloração rosada
para a pele com tubérculos das colheitas ou fricção de carvão nas bochechas e muitas outras...Mas também, hoje está na moda a produção cultural para o negro e isso gera dinheiro. Eis a questão da estética, a representatividade vende e a minoria representada compra.
Contudo, a inerência da estética à comunidade negra diz respeito a sermos nossa própria referência, a termos um espaço no mercado, a sermos enxergados como consumidores ao
comprar um produto para o nosso cabelo ou para a nossa pele. E o nosso consumo é o que nós somos, se me vejo, eu compro. Mas afinal, essa tal indústria cultural trata-se de inclusão ou manipulação?