Akon City
Akon City
Você sabia que o Afrofuturismo inspirou o rapper Akon a construir sua própria Wakanda na vida real?

A Akon City terá sua construção com três segmentos e serão cerca de 10 anos até a
conclusão da construção.
"Uma cidade apontando para o futuro, com hospital, shopping, universidade, escola, usina,
parque, estádio e mais, movida por energia renovável funcionando de forma 100%
sustentável. Akon City ficará no Senegal, e o terreno de 809 hectares já foi cedido pelo
músico para o governo senegalês."
Macky Sall, segundo reportagem à CNN
"A responsável pela construção será a KE International, uma construtora de origem
estadunidense, trazendo o financiamento de investidores internacionais. A empresa é a
mesma responsável pela construção de Mwale Medical, uma cidade tecnológica médica
sustentável em construção no Quênia. Akron City será uma cidade à beira do mar e a
menos de uma hora do Aeroporto de Dakar e terá sua própria moeda: Akoin, uma
criptomoeda que será a moeda local na cidade, mas que poderá ser utilizada em todo o
continente africano."
O Afrofuturismo tem como pauta o retorno à sua origem. Apesar de, o Futurismo como
vanguarda europeia, aclamar o movimento e a velocidade do século 20, a desvalorização
da tradição e a negação do passado. Em contraposição à sua "etimologia", o Afrofuturismo,
como estética cultural, combina os elementos futurísticos à nossa etnicidade, ficção
científica, magia, mas sempre com um retorno ao exame e crítica do nosso passado para
entendermos o hoje. O pássaro 'Sankofa' de tradição africana capta isso com sua cabeça
voltada para sua cauda, numa tradução da língua Akan para o português: "Volte e pegue
aquilo que foi deixado para trás".
A cada passo que damos num sentido de progressão e conquista dos nossos direitos, não
podemos acreditar na falácia de que o movimento negro não possui hoje figuras líderes
como as do século XX. A nossa resistência é fruto da resistência dos nossos desde o
século XV, desde que o homem branco decidiu que lhe era válido arrancar pessoas de sua
terra, de forma desumanizada, para servir o sustentar o seu modelo neo-liberal de estado
com suas produções para consumo.
Os europeus transformaram a África em um campo de guerra tendo interesses coloniais,
econômico e etc, que resultou em uma anulação de processos culturais, experiências
políticas e línguas europeias sendo essas as oficiais. Um processo de resistência em meio
a isso foi o "Pan-Africanismo": "A África para os africanos".
Somos africanos em Diáspora, estamos espalhados por todo o planeta num processo
constante de resistência em busca de recuperar nossa ancestralidade, que vai muito além
das relações de poder com a branquitude e o colonialismo. Porque houve sim tentativa de
nos apagar e essa ainda permeia hoje e o nosso principal empecilho é a mais dolorosa, a
colonização mental. O que originou um racismo, preconceito e discriminação por interesses
políticos, capitalistas e de supremacia.
Akon disse: "Wakanda é algo que eu planejo construir algum dia na África! Assistir aquele
filme e ver o futuro do que a África poderia ser e o potencial do que a África poderia se
tornar, é algo que é muito e totalmente alcançável. Não há nada naquele filme, futurístico,
que a África não tenha os recursos para criar. Eu tenho certeza que é mais do que factível.
Meu objetivo de vida é criar essa cidade na África antes de morrer."
É sempre bom lembrar que a negritude transcende essas relações de poder e luta a cada
dia por sua inserção na esfera pública e na produção científica, mas cabe lembrar que eles
já fazem isso sem a mesma visibilidade que pessoas brancas. Não dá para apagar o
colonialismo da nossa história, como também, não pode deixar ele nos apagar.